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Trabalho

Carta à Freud

Renata Feldman

Renata Feldman

24 Ago 2018 — 2 min read
Carta à Freud

Meu caro Freud,

Sinto muito, muitíssimo, mas infelizmente não poderei comparecer à nossa próxima sessão. Sua Viena é linda (acho que posso dizer “nossa”, a mesma terra por onde nasceu e andou minha tataravó materna), já me sinto pertencente e com enorme dificuldade de ir embora.

Mas, você sabe, tenho que ir. O trabalho me chama, os filhos sentem falta (e eu também, imagina, saudade de mãe judia, você me compreende bem…), enfim, a rotina precisa voltar ao normal. (E o que é “normal”?, você poderia me perguntar.)

Os dias que passei aqui ficarão para sempre na memória, muito além do meu hipocampo ou lóbulo frontal, mas na memória do coração. Afetivamente me despeço de você, deixando registrado o quanto fiquei encantada (hipnotizada, eu diria) por cada canto da sua casa – cada cômodo, cada carta, cada adorno, cada lembrança. (Quanta emoção.)

E como você sempre explica tudo, meu caro Freud, por favor: explica também  esse amor imenso que eu sinto pela psicologia; pelos labirintos infindáveis que permeiam a mente humana, tão repleta de pensamentos, ideias, impulsos, traumas, memórias, histórias. Me ajuda a entender essa emoção que me toma quando escuto uma pessoa falar daquilo que a faz sofrer; quando enxergo o outro através dos olhos dele e ajudo a desatar os nós que fazem chorar, sentir, adoecer, crescer.

Deixe-me falar de um sonho. Aquele, de anos atrás, quando eu ainda era uma menina e as minhas amigas de escola vinham me contar algum problema.  Eu gostava de ouvir, e era com uma certa desenvoltura que eu respondia àquela clássica pergunta dos adultos: “O que você vai ser quando crescer?”

Aquele sonho virou realização, meu caro Freud, e você tem um tanto de culpa nisso. (Ah, culpa… Uma das palavras que mais escuto na clínica…)

Culpa boa, a sua. Obrigada por abrir caminhos, acender a luz, respaldar essa profissão que eu tanto prezo e amo. Aquele sonho antigo me faz acordar para trabalhar todos os dias com uma alegria e uma gratidão que acho que nem você dá conta de explicar.

Até a próxima, meu querido Freud. Obrigada por tudo, sempre.

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