Céu azul, sol rachando, piscina cheia de gente feliz fazendo hidroginástica. Contrastando com o alto-astral, aquela senhora de cara fechada destoa da paisagem. Seus movimentos são duros e o “sorriso” fixamente invertido no rosto. Sua fama já é conhecida por reclamar de tudo e de todos, à mínima ação que a contrarie. (Mal-humorada e resmungona, é tudo que eu não quero ser “quando crescer”, penso.)
Pulando igual pipoca, cantando “Quando um certo alguém cruzou o meu caminho…”, cheia de endorfina pulsando nas veias, sou abordada pela distinta senhora, que aponta para o meu “jump” (minicama elástica) irritada:
– Isso atrapalha a gente!
– Mas eu estou aqui no meu cantinho, essa piscina é grande, igual coração de mãe!…
Incomodada com a minha resposta, a senhora de sorriso invertido se afasta visivelmente irritada.
Pego meu “espaguete”, flutuo na água e deixo afundar o peso desse pequeno dissabor aquático.
Se a vida é feita de escolhas, prefiro aproveitar cada gota de sol, água, céu e música.
Mas fico pesarosa pela amarga senhora.